quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Parabéns, meu irmão!

Irmão é aquele que nasce do mesmo ventre que você, alguém que também é filho do seu pai e que possui um laço forte contigo.

Dizem que na vida a gente escolhe alguns irmãos e os chama de amigos, nesse caso, eles não precisam nascer do mesmo ventre e não precisam ter o mesmo pai, precisam apenas possuir um laço de união, que seja tão forte quanto a genética.

O que quero dizer com isso? Que eu também fiz minhas escolhas, algumas erradas, outras não. E posso dizer com firmeza que uma das escolhas mais acertadas foi ter o Lone como irmão. Não estamos unidos pelo sangue, mas pelo sobrenome. Não temos laços de genética, mas temos laços de luta, ideologia. Não temos muita coisa, mas temos um ao outro e isso pra mim basta.



Nesse dia especial, quero te dizer, meu irmão de coração e de alma, que sua amizade é muito especial pra mim. Posso pagar de dura às vezes, mas só tento exercer a proteção de uma irmã mais velha que te vê crescendo, brilhando, mas se equivocando às vezes, hehehe... Meu dever é esse, te ajudar, te proteger pra tentar retribuir um pouquinho da felicidade, da amizade, do companheirismo, do cuidado, da cumplicidade que você me oferece.

Te desejo hoje e sempre muita paz, amor, alegria, sucesso, força, perseverança, saúde e felicidades infinitas, pois você merece!

EU TE AMO!



Obs.: Singela homenagem ao meu irmão de alma, coração e ideologia por mais um ano de vida! Tudo de melhor sempre! Espero que goste!

Obs.1: Fotos de alguns dos nossos momentos juntos. É assim que deve ser, eu contigo, você comigo!

Obs.2: Aproveito para agradecer tudo que você meu irmão fez por mim esse ano. Você sabe do que estou falando! =*

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A pesquisa em rede. De peixe?


A PESQUISA EM REDE

V SEMINÁRIO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO


Extra, extra... O evento que propõe discutir a pesquisa na nossa universidade não considera importante a participação do corpo discente.



No último mês o campus III da UNEB foi tomado por uma legião de professores doutores de currículos invejáveis. Infelizmente eles deixaram o ensino médio e seus ensinamentos no meio do caminho, afinal é no mínimo curioso que o sábio corpo docente não tenha atentado para a física clássica que afirma ser impossível que um corpo possa ocupar dois lugares diferentes ao mesmo tempo. Sendo assim, como os alunos que precisavam assinar listas e apresentar trabalhos no SEPEX poderiam discutir a pesquisa e a pós- graduação na nossa universidade no pomposo Seminário?

Poucos estudantes ousaram intercalar as atividades dos dois grandes eventos e os que o fizeram se perderam entre os discursos eloqüentes dos professores que mais serviam para exibir aos colegas uma ótima retórica do que para de fato problematizar a pesquisa prática da academia. Ora, o evento não foi feito para os estudantes, explicado então porque se sentiram peixes fora d’água.

Mas espera aí... A posposta do evento falava em pesquisa em rede não é mesmo? Rede me lembra pesca, pesca me remete a peixe. Então tudo faz sentido.

obs.: Brincando de cronista num fanzine que produzimos na faculdade sobre o V Seminário de Pesquisa e Pós-graduação da UNEB.

obs.1: Não reparem na foto tosca, um colega fez sem nenhuma maldade, cof, cof... Mas um toque de irreverência não faz mal a ninguém né?

terça-feira, 30 de novembro de 2010

O ministério da saúde adverte: Jornalista não deve assistir telejornal

Quando ingressei no curso de jornalismo imaginei inúmeras coisas, entre mitos, boatos e percepções pessoais que aos poucos foram caindo por terra. Uma delas foi o fato de que um estudante de jornalismo deveria assistir ao maior número de telejornais em um dia, ler incansavelmente impressos e revistas para analisa-los. Tudo bem que a parte da análise dos discursos é muito importante, mas durante os últimos dias o que a grande mídia tem feito é subestimar nossa inteligência, e quando digo nossa, não me coloco como estudante de jornalismo, mas como uma cidadã que tem vergonha da inversão de papeis constante nas informações acerca da violência no Rio de Janeiro.

Quando matamos sujeitos da opressão social e os exibimos como presentes, algo vai muito mal. Só consigo constatar que estamos diante de uma sociedade doente.
A forma como a mídia relata o heroísmo dos policiais me irrita profundamente. O fato é tratado isoladamente e o Estado aparece como agente de solução dos problemas e definitivamente ele não é. Na verdade ele é responsável pela construção e agravamento da situação caótica em que o crime organizado se transformou.
Resolver o problema não é derramar sangue, é criar perspectivas de vida para as populações carentes do Rio de Janeiro. Dar acesso à educação, saúde, moradia digna, são de fato as medidas que o estado deve adotar, pois oprimir ainda mais a sociedade que já paga cotidianamente pelas falhas desse sistema não atinge a raiz do problema, nem a superfície se não tiver ações propositivas claras. Aliás para mim, tudo está claro, pois esse episódio não passa de uma jogada política para demonstrar ao mundo que a sede da copa e das olimpíadas têm ordem. Doce ilusão, pois além de não ter ordem não tem humanidade.


O crime é movido por uma questão ideológica, estamos falando da famosa luta de classes. Esse extermínio não resolverá muita coisa, não como deveria.
Não estou aqui para defender o tráfico organizado, mas só acho que ele não será resolvido assim.
Mas o que me deixa triste é chegar em casa, ligar a TV para assistir com meus pais o noticiário e ouvir da boca deles uma repetição do que está exposto pela mídia, pois durante os últimos dias, a incansável repetição dos fatos pelos fatos é absorvida sem qualquer filtro pela sociedade.
O trato que deve-se enfatizar não está no prolongamento das novelas onde o simplismo dos mocinhos e bandidos nos comovem. Estamos diante de uma espetacularização de uma tragédia, onde as notícias são vomitadas sem qualquer reflexão.
E como não é de se admirar esse vômito provoca-me enjôo seguido de nojo. E como boa paciente que sou, sigo as orientações do ministério da saúde e até que esse circo acabe, me presenteio com uma televisão desligada.

Obs.: Um pouco de desabafo. É só fingir que ninguém viu e tudo fica por isso mesmo, hehehe

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Educomunicação

Recentemente descobri uma vertente muito interessante no campo da comunicação. A educomunicação.
Parece bem óbvio pensar no jornalismo como canal de difusão da educação informal, mas não é. Bem, pelo menos não da forma conceitual e organizada que deve ser. Prova disso está no fato de eu precisar me inscrever numa oficina para entender esse conceito, ou seja, nas salas de aula não existe espaço para isso.
As conseqüências deste tratamento das mídias alternativas à televisão intensificam um processo cada vez mais comum nas universidades, a ancorização dos estudantes do curso de jornalismo. O interesse demasiado e limitado pelo telejornalismo preocupa. Não estou aqui para condená-lo, de maneira alguma, sei da sua importância, mas acho preocupante que nenhuma discussão que envolva a atuação de um jornalista na transformação social renda. Todos acham que só é possível transformar em grande escala, só dentro de estruturas e sistemas já prontos. E isso me parece bem contraditório.
Estou longe de dizer e pensar que escolhi a profissão de jornalista para mudar o mundo, mas não posso me isentar da responsabilidade de transformar os meios em que atuo e não entendo quem o faz.
E é aí que a educomunicação se fortalece, na formação de indivíduos conscientes nos espaços formais da educação. Para isso existem 5 áreas de atuação:

- Educação para os meios;
- Tecnologias da informação;
- Expansão da comunicação;
- Gestão da comunicação;
- Reflexão epistemológica.

Confesso que ainda conheço pouco da parte teorica dessa vertente que é nova para mim, entretanto já imagino inúmeras possibilidades de aplicar a construção da comunicação de forma coletiva nas escolas para o desenvolvimento do senso crítico na formação cidadã.
Enquanto a ancorização dos futuros profissionais do jornalismo se fortalece nos bancos acadêmicos, sigo buscando alternativas, não de mudar o mundo, mas na maneira de enxergá-lo e reproduzir minha profissão nessa lógica pré-estabelecida mas não definitiva.

Obs.: Turbilhão de idéias, frases soltas, mas uma necessidade gigante de externar. O que é esse espaço se não o compartilhamento de sentimentos né?

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Doce lembrança

Nunca gostei de datas festivas (ou não), me dão a impressão de que a função delas é condicionar emoções e sentimentos. Desde o último natal então, quando perdi meu avô paterno, minha relação com feriados deixou de ser conflituosa e passou a ser quase caótica.

Hoje entretanto, preciso admitir, o dia está feio, triste, desagradável. É uma atmosfera condicionada que nos ilude e quase convence que é espontânea.
Dia de finados... Mas pra que raios temos um feriado dos mortos? Talvez para nos voltarmos para lembranças, e se esse for o sentido, é, fui afetada.

Sorte ou acaso, só consigo me lembrar dos bons momentos ao lado das pessoas queridas que já se foram. E num dia como esses, condicionada ou não, é inevitável a lembrança, e que doce lembrança.








Obs.: Mais inevitável ainda é olhar essas fotos e não pensar que momentos como esses jamais se repetirão.

Quincas Berro D'água


O funcionário público Joaquim Soares da Cunha, cansado da vida considerada monótona e previsível, decide transformar-se em um homem boêmio e livre de responsabilidades familiares e sociais. Este enredo é conhecido por muitos desde 1958 quando Jorge Amado lançou o livro a Morte de Quincas Berro d'Água. Este ano, a história ganhou uma nova roupagem com o filme de Sérgio Machado baseado na obra consagrada.

Embora as produções cinematográficas inspiradas em autores respeitados tenham forte tendência ao fracasso, o que se vê em Quincas Berro D’água é um festival de subjetividades bem representadas através de imagens, sons e boas interpretações de atores veteranos como Marieta Severo, Milton Gonçalves, Walderez de Barros e o protagonista Paulo José que teve atuação destacada.

Vale ressaltar, entretanto, que o enredo atemporal facilita sua construção. Os conflitos psicológicos dos personagens, a hipocrisia e a desigualdade sociais, bem como a diversidade da cultura baiana são temas pertinentes tanto a sociedade da década de 50 quanto a do século XXI.

O enredo rico permite também explorar memórias do personagem principal sem que o público se perca. A falta de continuísmo não se apresenta enquanto problema na trama, visto que representam os constantes pensamentos e conflitos contidos no livro. A linguagem regionalizada em conjunto com o cenário traz uma ambientação bem elaborada.

As frases de efeito e os momentos cômicos dão o tom do filme. E é exatamente este riso seguido da reflexão que fazem que a fidelidade da obra escrita seja mantida, afinal a genialidade de Jorge Amado estava exatamente em tornar a realidade tão encantadora quanto dura.


Obs.: Comentando o filme após assisti-lo pela 2ª vez. Vale lembrar que o esboço da minha opinião é bem amador, hehehe.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Para gostar de sonhar



"As pessoas também são de mentira, mas fazem de conta que é tudo verdade. Sabe por quê? Porque precisam sonhar, inventar, imaginar as coisas, para continuarem vivas. Por isso esse lugar se chama só assim: Imagina Só. Toda tardinha em Imagina Só, as pessoas se reúnem nas portas de suas casas. Essa reunião é para cumprir uma tarefa muito importante: contar casos, contar sonhos. Sonhos e desejos que cada um tem para o dia seguinte"...

(Antônio Barreto)

Parabéns Estudantes!

O I Seminário de Assistência Estudantil realizado nos dias 18 e 19 de outubro, demonstrou que a organização estudantil é essencial para a construção de uma universidade mais justa. O evento representou uma grande vitória para a universidade, pois além de ter sido um momento de abertura para formulação de políticas, garantimos a manutenção das já existentes e a criação de alternativas para as discrepâncias colocadas pelo conjunto do corpo discente.

A assistência estudantil tem como função a busca da redução das desigualdades socioeconômicas, pois faz parte do processo de democratização da universidade. Essa luta não pode efetivar-se apenas no acesso à educação superior gratuita, é necessária também a criação de mecanismos que viabilizem a permanência do estudante nos bancos acadêmicos. Sendo assim, O I Seminário garantiu algumas conquistas como:

1. Permanência do transporte dos estudantes para o CCA - Campus de Ciências Agrárias até que o poder público garanta um transporte público e de qualidade. Sendo que o ônibus deve ser mantido pela universidade, até que a intervenção do governo se consolide;

2. Extinção do ticket alimentação no Campus de Ciências Agrárias com o depósito do auxílio permanência em conta;

3. Criação de um núcleo pedagógico (com assistência social, psicológica e pedagógica);

4. Orientação aos alunos não – blocados pelo coordenador do curso;

5. Reavaliação dos pré – requisitos em cada curso;

6. Realização do I Congresso dos Estudantes da Univasf;

7. Ampliação da representação estudantil junto ao Conselho Universitário (no mínimo um por Campus);

8. Criação da Pró – reitoria de Assistência Estudantil;

9. Garantia de maior celeridade no processo de seleção dos Programas de Assistência Estudantil;

10. Ativação da ordenha mecânica no Campus de Ciências Agrárias;

11. Programa de assistência à saúde para os alunos em todos os campus;

12. Ampliação do número de bolsas de assistência estudantil;

13. Definição da cotação orçamentária para a realização de Projetos ligados à cultura, esporte e lazer;

O Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Vale do São Francisco – DCE UNIVASF, parabeniza e agradece o empenho de todos os estudantes na garantia do debate sério e comprometido ao longo do Seminário. Além disso convocamos a todos ao esforço coletivo para a concretização destas ações.

Saudações Estudantis!

OBS.: Carta do DCE aos estudantes da UNIVASF! \0/

Feito bola de sabão

Por dentro do QG demotucano, o blog Cloaca News informa que José Serra teme agora um novo ataque com "armas químicas", as perigosas bolinhas de sabão.
Por Altamiro Borges





OBS.:

Até o presente momento, me silenciei em relação ao segundo turno das eleições para presidente, objetivando não ser cansativa e repetitiva, já que possuo uma opinião muito firme nesse sentido. Entretanto os recentes fatos e a contribuição da grande mídia no fortalecimento deles me fizeram sentir provocada a pensar e escrever sobre. Aliás, esta contribuição nem é tão recente assim, afinal até o próprio segundo turno se consolidou graças a manobra política da imprensa, que idealizou uma imagem avançada para Marina, mesmo que nós saibamos do seu conservadorismo religioso.

Mas vamos lá, como diz um amigo meu: "Tudo tem limite". E o episódio bolinha-de-papel ultrapassou todo e qualquer limite entre a sensatez e a incoerência. Só que para não ser cansativa como a campanha tucana, resolvi copiar esse comentário bem humorado de Altamiro Borges que resume um pouco das práticas eleitorais de Serra. Espero que tenham gostado!
Ah, não esqueçam que no dia 31 votar na primeira presidente da história do Brasil. É Dilma 13 pro Brasil continuar avançando!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O importante é ter paixão

Há algum tempo venho buscando alternativas para me satisfazer como futura jornalista.

Nós (estudantes da área) ouvimos a todo momento que vamos representar o 4º poder social, seremos respeitados por selecionarmos as informações que são do interesse público, etc e tal. Mas... De que vale tudo isso se escrever não for uma aventura emocionante?

No fundo, o que desejamos é escrever com paixão. Sabemos que temos o dever de informar com responsabilidade, mas seres vaidosos que somos, não nos contentamos com uma notícia bem escrita. O que vai nos encher os olhos de brilho são as notícias responsáveis, bem escritas, mas que sobretudo possam emocionar, representar e envolver.

Pensando nisso e na inquietação inicial resolvi pesquisar uma figura que representa a população local e que ao mesmo tempo possui uma história cativante por si só, para que minha aventura seja responsável.

Não muito tarde, aliás, logo nas primeiras pesquisas e trabalhos acadêmicos me deparei com Dom José Rodrigues, o líder político e espiritual mais famoso da história de Juazeiro (BA). Não há na cidade quem não o conheça, seja por ter dado nome a um grande bairro, seja por algum episódio na memória coletiva. E por sentir a necessidade de sistematizar essa memória que resolvi construir um trabalho de resgate, uma biografia que relate cada episódio e a importância deles na história do município.

Por enquanto é uma idéia, um projeto, uma aventura. Esses combustíveis que motivam o jornalista, mas sinto a necessidade de compartilhar aqui, afinal, para nós, mais importante que o produto final é o processo de construção dele. Então apresento-lhes um trabalho corriqueiro que fiz e que citou pela primeira vez essa figura que me desperta tanto interesse.

INTRODUÇÃO

Somos seres constituídos de subjetividades, carregamos ideologias que se configuram a partir das relações que estabelecemos, e olhamos o mundo do ponto onde estamos localizados. Firmamo-nos social e culturalmente pelos intercâmbios que desenvolvemos com o outro, onde para Marx, o fator preponderante na construção das relações sociais, é a maneira em que pensamos e realizamos nossa forma de produção econômica, pois a humanidade se movimenta em torno do conflito. Sendo assim, nessa sociedade capitalista, estamos localizados em meio a contradições, logo o antagonismo é o mecanismo que dá sustentabilidade e retroalimenta a ordem vigente, nos dividindo em classe com interesses e posições sociais distintas.

Por isso, a impressa não esta isenta da parcialidade, haja vista, que o jornalismo é mais uma produção humana, portanto, marcada pela subjetividade destes, donde serão defendidos os interesses daqueles que a operam.

Neste trabalho iremos fazer uma analise de algumas publicações feitas pelo Jornal de Juazeiro, na década de 80, sobre os assassinatos ocorridos no salitre, cidade de Juazeiro-BA, pela disputa de água. Pretendemos evidenciar como esse meio midiático observou os fatos, qual a ênfase dada ao ocorrido.

Para tanto, foram analisados as edições: 486, 487, 514, 515.


UM BREVE RELATO SOBRE O FATO

As disputas por terra e água são problemas historicamente estabelecidos no Brasil, a forma como se deu a ocupação de terra em nosso país logo no período colonial, própria da fase de transição econômica do mercantilismo, se produz/reproduz e se apresenta constantemente com uma nova roupagem, pois a tendência desse modelo econômico é o afunilamento das contradições sociais. Sendo assim, evidenciamos apropriação dos recursos materiais disponíveis em nosso território por uma minoria de cidadãos, estes são os detentores do grande capital.

Com o desenvolvimento da fruticultura irrigada na região do Vale do São Francisco, a busca por terras tornou-se cada vez mais intensa. Na região do Salitre, não foi diferente, pois o local constituía o único manancial perene do município de Juazeiro, que anteriormente só habitado por agricultores, passou a despertar o interesse de empresários, principalmente após a instalação da eletrificação rural.

No ano de 1984, a seca assolava a região do Vale do Salitre e os pequenos agricultores enfrentavam grande dificuldade para trabalhar. Por outro lado, os empresários que cada vez mais migravam para a localidade, dispunham de recursos técnicos que permitiam a irrigação de projetos privados, como motobombas que desviavam água do riacho para suas propriedades.

Não tardou para que um conflito acontecesse, visto que estas grandes lavouras estavam situadas na margem superior do rio e com o constante bombeamento comprometiam o abastecimento natural da margem inferior do rio. Neste sentido, a população local e os pequenos produtores começaram a discutir e buscar meios de resolver a situação que envolvia a região.

A cada dia o problema se agravava, visto que a comunidade enfrentava a falta de abastecimento para as plantações, animais e para o consumo humano. No dia 6 de fevereiro de 1984, os moradores da região, resolveram desligar a energia elétrica, para impossibilitar o uso contínuo das motobombas e se mostraram dispostos a não as religarem, enquanto o problema não fosse solucionado. No dia seguinte (sete de fevereiro), dois produtores da margem superior e donos das bombas, apareceram na região preparados para religarem a energia, tratava-se de Otacílio Nunes de Souza Padilha Neto e Joaquim Armando Agra. Armados com revólveres intimidaram verbalmente os agricultores da margem inferior do rio, e quando empurrados, dispararam tiros contra a população. As balas de um dos grandes produtores acabaram, e a multidão os matou com tiros e o uso de uma faca que cortou a garganta de um deles. Este ocorrido ficou conhecido como a “chacina do Salitre” e teve grande repercussão na mídia local.


ANÁLISE MIDIÁTICA ACERCA DO FATO

Para compreender a abordagem dada pela mídia local, o jornal de Juazeiro foi escolhido para análise de algumas matérias veiculadas sobre o assunto.

A edição 486 do jornal, no dia 09 de fevereiro de 1984, apresentou o fato jornalístico com o seguinte título “Vale do Salitre é palco de Violência” (capa). No primeiro momento da reportagem o jornal descreve as vítimas e o crime e em seguida fala sobre o motivo. O jornal baseia sua notícia em depoimentos dos moradores e dos policiais e preocupa-se mais no fato violento do que no motivo que levou ao crime.

Em uma segunda matéria lançada pelo mesmo jornal, mostra informações sobre a investigação do fato, porém o enfoque da reportagem está na parte violenta, interessa-se somente nas mortes. Nessa segunda matéria o jornal traz também a posição do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Juazeiro e a posição da Igreja em relação a D. José, acusado de liderar a chacina pelo jornal Correio da Bahia. Há também o relato do clima no local onde aconteceu a conhecida Chacina do Salitre.

Na edição 487 do Jornal de Juazeiro, do dia 15 a 18 de fevereiro de 1984, foi publicada a matéria "STR de Juazeiro e o rio salitre", que enfatizava a distribuição de um documento feito pelo sindicato para abordar o confronto acontecido em Campo dos Cavalos. É nítida a falta de contextualização do jornal, visto que a discussão acerca do problema é feita de forma superficial, sem pautar a questão da água, fonte de todo o conflito.

Além disso, apesar da matéria colocar como subtítulo a campanha pela reforma agrária, não faz um debate ampliado sobre a pauta de reivindicações preparadas para este processo, bem como a contextualização do cenário político, que foi citado aparentemente no fim da matéria.

Após três meses, os assassinatos do Salitre ainda estavam em evidência. Muito disso se deve ao fato do crime ainda não ter sido resolvido judicialmente. Em uma das várias matérias jornalísticas que foram produzidas pela mídia da época intitulada “Justiça denuncia bispo de Juazeiro”, percebeu-se que o foco dado àquela notícia estava voltado rigorosamente ao processo judicial e que as questões sociais que envolviam o crime foram deixadas de lado.

O bispo de Juazeiro na época, D. José Rodrigues, estava entre os suspeitos de envolvimento com o crime, mas até a data de veiculação da matéria a investigação policial ainda não tinha sido concluída. Segundo o Jornal, alguns especialistas foram trazidos com o intuito de resolverem o caso com maior rigor, talvez pelo fato de não terem vínculo com os acusados e vítimas. Entretanto, “especialistas” em discussões sociais não vieram e o jornal também não tocou no assunto.

A matéria publicada no Jornal de Juazeiro do dia 5 a 9 de maio de 1984 não abria espaço para reflexão necessária do fato. Uma vez que o que estava por trás do ocorrido era mais importante que o próprio, e que o assassinato teria sido apenas uma conseqüência trágica de uma discussão que ocorrera entre os envolvidos. Por isso, deveria haver, por parte principalmente da editoria do jornal, uma maior responsabilidade em relação ao tema. O jornal deveria incitar a reflexão, dos seus leitores, sobre o que teria motivado o crime mesmo sendo a matéria voltada para a questão judicial e após três meses do fato ter ocorrido.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com as matérias analisadas, pode-se observar que o jornal possuía uma abordagem superficial do fato, visto que não discutiu de forma aprofundada as causas e conseqüências deste.

Como pode ser visto na matéria “Caso Salitre: Não há denúncia contra o bispo”, da edição 515, do dia 10 a 12 de maio de 1984, o jornal deu um caráter investigativo ao fato, pois se limitou a identificar o andamento do processo judicial.

Neste sentido identificamos que o Jornal de Juazeiro não fez uma construção que narrasse a história da região do salitre, a apropriação dos espaços territoriais, a geografia que explicasse a problemática da água, enfim, não desenvolveu a discussão que construísse com o leitor o acontecimento, houve apenas uma descrição do mesmo.

Comparando a abordagem do jornal analisado com o texto “Narrativas de um acontecimento: a morte do estudante Edson Luís no calabouço em 1968”, é possível perceber a diferença na abordagem, pois enquanto o jornal de juazeiro se preocupou em contar as mortes e seus desfechos judiciais, o texto tratou a morte como o último tópico da narrativa, sendo apenas a conseqüência da efervescência política do meio em que a vítima vivia.



Obs.: Agora é esperar o trabalho final com todos os episódios marcantes pelos quais Dom José Rodrigues passou.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

9 coisas sobre mim

Na minha constante busca por blogs interessantes encontrei essa tendência de dizer algumas coisas sobre nossa história. Acabei plageando simultaneamente Illana e Meg, ambas estudantes de jornalismo, como eu. Achei oportuno, afinal ontem minha vida de blogueira fez 1 ano. Além disso esta é minha postagem número 100. Há muito o que se comemorar, principalmente minha persistência em manter vivo um espaço pessoal na corerria cotidiana. Espero que gostem!


1) Embora tenha nascido em uma região desfavorecida oceanicamente, conheci a praia ainda muito pequena. Para se ter uma idéia, ainda com 15 dias viajei pela primeira vez para Bahia, e em um desses deslocamentos para Juazeiro, acabei passando por Salvador, lugar onde tive meu primeiro contato com a praia, porque do mar eu tinha medo.



2)Logo aos 2 anos entrei para a escola, pois meus pais precisavam trabalhar o dia todo para garantir meus estudos e de minha irmã, que é 1 ano e nove meses mais velha que eu. Neste período eu era uma pessoa exemplar. Adorava estudar, era muito esperta e comportada, não tinha problemas de relacionamento porque não estabelecia muito contato com outras pessoas. Naquele momento eu era tão introspectiva que trocava tranquilamente a bagunça das crianças da rua por uma brincadeira de boneca sozinha. Tinha minha família e isso sempre pareceu mais do que mereço, e este pensamento perdura até os dias de hoje. Basta me conhecer para saber que tenho poucos amigos e sou seletiva em relação a eles.



3) Não me lembro qual foi o primeiro livro que li e nem com que idade isso aconteceu. Memória não é meu forte. Lembro porém que sempre gostei de ler, e às vezes me interessava mais pelos livros que eram passados para a série da minha irmã do que os que me orientavam na escola, pois achava muito previsíveis. Quando a professora de Filosofia pediu que a turma da minha irmã lesse O mundo de Sofia, não deu outra, como se também fosse daquela turma o li sem ter a obrigação e talvez por isso o interesse tenha sido gigantesco. Aquela leitura serviu como um divisor de águas em minha vida, pois abriu muitas perspectivas para as reflexões que tinha constantemente.


4) Nasci na cidade de Campo Grande no Mato Grosso do SUL (nada de Mato Grosso nem de Cuiabá), mas meus pais são baianos, aliás minha irmã também. Mesmo com toda essa influência sou sincera em dizer que lá é o meu lugar. A paz, o tereré, a cidade grande com jeitinho de interior, as inúmeras árvores, o céu, as amizades construídas na infância e adolescência, tudo faz mais sentido lá e me encanta de uma maneira indescritível, afinal trata-se de sentimento. Tive uma infância normal, para uma criança introspectiva, tímida e anti-social. Era antipática e odiava conversar. Gostava de isolamento e solidão e só aprontava quando recebia ordens da minha irmã para isso. Lembro de um episódio que ela disse pra eu derrubar uma tábua de passar na nossa babá, e eu muito obediente joguei nas costas da pobre moça. Depois disso ela pediu demissão como tantas outras vítimas das armações que nós construímos. Falando assim até parece que eu e minha irmã éramos grandes amigas, mas o fato é que eu era insuportável e queria atenção integral dos meus pais, então já deu para entender que não nos dávamos bem, tanto que cada uma estudava em um horário diferente para que só tivéssemos contato a noite. Além disso minha implicância com minha irmã se intensificava a cada final de ano letivo, pois como ela era bagunceira ficava de recuperação e atrasava nossa viagem de férias e eu, sempre gostei muito de viajar e aguardava o ano inteiro por esse momento. Felizmente nossa relação amadureceu junto com cada uma de nós e nos fez amigas, irmãs e confidentes.

5) Estudei em 4 escolas diferentes ao longo da minha vida, mas a primeira foi sem dúvidas a mais legal. Era no meu bairro e até hoje tenho um carinho imenso pelas professoras que pareciam mesmo nossas “tias” como chamávamos, tamanha era a intimidade que tínhamos. Nesse período experimentei as primeiras emoções como amor e ódio. Me apaixonei por um menino da escola, mas ele era apaixonado pela minha melhor amiga (quase o conflito central de uma novela mexicana), e desde aquela época eu era muito contida em relação a exposição da minha vida, acho que ninguém sabia, a não ser minha mãe que além de ser adulta e ter um nível de compreensão maior me conhece como ninguém. Bom, o ódio veio de um menino com o qual eu tive que dançar quadrilha. Fiquei chocada quando ele limpou o nariz, coçou na minha frente as partes íntimas e depois me deu a mão para fazer a coreografia. Acho graça hoje, mas no dia contei pra minha mãe e pedi pra não dançar quadrilha, mas acabei dançando. No dia da apresentação, fui atacada pela primeira vez por um cachorro e estava com o braço ferido e o menino que parecia um ogro foi todo fofinho comigo. A partir daí tive mais consideração por ele e aprendi que as atitudes boas tendem a nos fazer diminuir e esquecer as ruins.

6)Tenho orgulho de lembrar que nunca gostei da Xuxa ou de Sandy e Júnior e que meu disco favorito era do Carrossel, sim, aquela novela fofinha que passava no SBT. Adorava a professora Helena e achava que todas as minhas educadoras eram tão boazinhas quanto ela.

7)Nunca tive talento algum, não que eu tenha descoberto. Fui o centro das atenções na formatura do pré, onde apresentei uma peça em que eu era a princesa protagonista. Embora o príncipe estivesse no hall dos meninos mais chatos da sala, me diverti e não fiquei nervosa. Aliás, eu nunca ficava nervosa para apresentar trabalhos, como gostava de estudar geralmente explicava bem. E como nós sabemos, as coisas mudam no decorrer da vida.


8) Já na última escola que estudei, comecei a ser mais sociável, fiz grandes amigos que admiro até hoje. Descobri que todas as pessoas são belas (é, eu acredito nisso até hoje e meus amigos me recriminam e chamam de inocente ou boba) e me interessei por descobrir e conviver com essa diversidade de belezas. Alcancei um estágio muito avançado de simpatia e cheguei a fazer grandes amigos no ônibus. No terceiro ano fui eleita para ser a oradora da formatura, mas acabei não participando porque viajei no mesmo período. Construí um grupo de discussão política e tentei fundar o grêmio da escola, acho que foi aí que iniciei meu interesse pela política. Quando terminei o ensino médio me mudei para Juazeiro – BA e pude consolidar a militância que iniciei timidamente em Campo Grande. Quis trabalhar pela primeira vez no terceiro ano com um amigo meu numa loja de motos, a paixão dele, mas minha mãe não deixou porque disse que eu precisava priorizar os estudos. Sempre tive vontade de fazer parte da População Economicamente Ativa – PEA (minha memória ainda serve para lembrar das aulas de geografia dos tempos da escola), mas isso só foi possível já na faculdade, quando comecei trabalhar no Sindicato dos Trabalhadores Rurais, já em Juazeiro. Depois disso já dei aulas através de um projeto de extensão da Universidade na Zona Rural.

9) Quando entrei na faculdade de Engenharia Elétrica participei de uma festa de recepção, muito melhor que os trotes tradicionais em que as pessoas saem sujas e com raiva dos veteranos. Foi meu primeiro porre na universidade. E minha conduta de menina exemplar já não existia. Entretanto conseguimos alcançar o objetivo do trote, a integração. Ali já gostei dos veteranos e colegas de sala, pois dividimos momentos de pura alegria, brincadeira e diversão. E para minha felicidade as coisas mudaram pouco. Infelizmente, 2 anos após meu ingresso na Engenharia me desiludi com o curso e aí entrei em Comunicação Social – Jornalismo em Multimeios, para tentar resgatar uma paixão antiga: a escrita. E por falar em paixão tive algumas, a mesma quantidade de amores, mas confesso que tenho mais fama que vivência amorosa. Me chamam de Dona Flor, dizem que possuo um amor em cada porto, mas para falar a verdade isso é apenas fruto das aparências, pois evolui bastante nas relações pessoais que simplesmente passaram a existir na minha vida. É natural que isso gere desconforto em algumas pessoas que acabam compreendendo de maneira errada a forma que trato quem eu quero bem.Existe muito mais para ser dito, entre episódios, histórias e curiosidades, mas acho que já fui prolixa o bastante. E, além disso, continuo receosa quanto a minha exposição. Aprendam a ler as entrelinhas, certo? Este é o dever de casa.

domingo, 12 de setembro de 2010

Os jornalistas e a independência

Com um certo atraso, gostaria de descrever um pouco do momento político da Independência do Brasil para trazer algumas reflexões acerca do representativo 7 de Setembro.

Como bem disse o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, o fato é narrado pela elite do nosso país que desconsidera a importância de alguns fatos e personagens populares.

"O título de herói da Independência coube a D. Pedro I e o fato mais importante ficou sendo o grito dado às margens do Ipiranga: “Independência ou morte”. Esta escolha – nada casual - se encaixava perfeitamente aos interesses das elites brasileiras em busca de símbolos que melhor expressassem e servissem à sua dominação de classe. A Independência não se realizaria sem o pensamento e ação dos setores populares e radicais do independentismo, como Cipriano Barata."

Somado à luta popular existe um fator que eu como futura jornalista não posso desconsiderar. A existência dos pasquins.

O pasquim era um tipo de impresso que tratava apenas um tema e era escrito por apenas uma pessoa. A linguagem usada era virulenta e freqüentemente apelava para as características físicas dos adversários políticos. O uso de pseudônimos favorecia o uso abusivo das agressões.

Devido a todo contexto histórico da época que surgia após três séculos de escravidão, um número mínimo de alfabetizados no país, a briga das condições de classes misturadas à condição nacional, de ser ou não nascido no Brasil, além do baixo nível de compreensão e envolvimento da população com as questões públicas, o pasquim se estabeleceu como o intermediário entre a política e a sociedade.

O pasquim foi de extrema importância no processo de independência do país, visto que as denúncias feitas ao governo só chegavam ao conhecimento popular graças a massificação deste veículo. Os cidadãos que antes só tomavam conhecimento das decisões políticas passaram a conhecer duas versões da história, passaram a se preocupar em ter uma opinião (mesmo que limitada à observação de um aspecto físico de uma determinada figura política) e mais importante que isso, passaram a participar da política do país através dos movimentos emancipacionistas.

Nesse sentido gostaria de enfatizar não só a importância dos pasquins no processo de independência, mas a importância do jornalismo no registro e participação nos processos políticos nacionais.

Em tempos de campanha vale lembrar que o mesmo jornalismo brasileiro que contribuiu com os movimentos sociais é o jornalismo que hoje atende as elites brasileiras. Então o mesmo cuidado que temos que ter com os livros de história que Colocam D. Pedro I como o herói da Independência é o que devemos ter com as opiniões taxativas (leia-se verdades absolutas) do jornalismo, além de candidatos que falam em governar o Brasil como salvadores da pátria, além daqueles que identificam no nosso país apenas um problema chave que possui uma única e simples solução desconsiderando os fatores históricos e sociais que nos envolvem.


Obs.: Escrito às pressas, mas acho que vale a reflexão.

Obs.1: Confira o belíssimo texto de Renato Rabelo no Vermelho.