terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Fruticultura Irrigada















Obs.: Experimentando fotografar. Imagens feitas na feira da areia branca em Petrolina-PE e no Mercado do Produtor em Juazeiro - BA.
As fotos tentam mostrar símbolos e subjetividades da maior atividade econômica do Vale do São Francisco, a Fruticultura Irrigada.

Então vilã?

Existiu um tempo em que ser enganada, machucada, magoada e decepcionada acarretava também a culpa de se sentir responsável por atitudes alheias. Houve um momento em que chorar e sofrer como uma mocinha de novela parecia a única saída para vencer angústias, medos e inquietudes, na esperança de uma divindade se compadecer de tanta má sorte e conceder a honra de um futuro mais digno.
Um período marcado por dores, perdas, desespero, mas descobertas. Aprender consigo é a mais surpreendente e agradável aventura. Já dizia o músico, que em certo momento duvidei da capacidade sensível, que “Se você quiser alguém em quem confiar, confie em si mesmo”. Nada mais sábio que voltar a solidão de sempre, sem maior pesar, sem ressentimento ou rancor.
É melhor descobrir-se do que acreditar na falsa ilusão da “felicidade completa”. Sim, porque a convenção social nos condiciona a acreditar que sozinhos não somos completos, que precisamos agregar nossa parcela de felicidade a uma parcela que está em outro alguém que um dia, com sorte descobriremos quem é.
Não estou dizendo que sou auto-suficiente, que me basto ou nada do tipo. Estou dizendo que as relações de amizade, amor ou simples convivência que mais me abalaram jamais precisavam ter sido estabelecidas se eu me conhecesse melhor e soubesse das minhas dificuldades e limitações.
É preciso isolamento, capacidade para reinventar, restabelecer e redescobrir uma alternativa. Perceber um lado mais independente, mais verdadeiro, autêntico e egoísta. O tempo de preocupação excessiva com os outros, com a felicidade alheia ocasionou tantas aflições externas que se perder no caminho foi inevitável. Sem perceber consumiram minha identidade, minhas referências, minhas motivações, minhas aptidões, minha paz, meu equilíbrio, meu eu.
Assim, me recuso a criar perspectivas num fim de texto, como de praxe, porque não sei o que vem pela frente e nem quero saber. Nada de melancolia, só é necessário reaprender que ajudar demais os outros sem saber ao certo o que nos guia é a mais falsa das crenças. Sem enganações, é preciso notar que não há quem possa transmitir algo que não esteja realmente sentindo ou acreditando. Uma pessoa melhor para si representa um alguém melhor para todos.
E como diria Ignácio de Loyola Brandão:
"
Ela é fundamental. Ser máquina, despida de emoções. Arrancar de dentro sentimentos e atirá-los ao lixo. Liberar-se dos empecilhos. Não se comover com o choro, a dor e a tristeza alheias A dor do outro é do outro, não pode penetrar em você, te algemar."

Quem escreve seus males espanta

Eis que um ditado popular nos pregou uma peça. “Quem canta seus males espanta”. Será mesmo?
Não sou boa cantora e nem tenho pretensões para tal, mas acredito que não há nada mais prazeroso que escrever. Cantar geralmente nos faz reproduzir palavras, crenças, realidades e verdades alheias. Nos deixa submersos na ilusão de que sabemos exatamente do que o compositor fala, mas nunca saberemos. Meras coincidências e sinônimos tornam-se leituras de mentes, pensamentos e sensações compatíveis.
Escrever é diferente, é sublime. Representa exatamente o que precisa ser dito e o que merece ser externado. Não precisa combinar com nenhuma melodia ou nota musical, precisa combinar apenas com a sua verdade. Precisa de alma, coração, envolvimento, não que isso seja fácil. Nos dias de hoje emoção e sensibilidade são coisas raras.
Na escrita não há limite de tempo, de espaço e necessidade de rima. O que precisa ser dito está posto, sem metáforas ou coisas implícitas. Cabe ao leitor decifrar do que o autor trata. Essa é uma aventura interessante, que faz os fracos como eu largarem a interpretação e partirem para a própria criação, para a própria exposição de sentimentos, para a avaliação coletiva e para o afastamento dos seus medos e males.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

O fime da minha vida


O filme francês O fabuloso destino de Amélie Poulain conta a história de uma jovem chamada Amélie e seus conflitos psicológicos, conseqüência de uma criação diferenciada. Seu pai era médico e a examinava todos os meses. Por conta da emoção do contato físico com o pai, que era raro, a menina ficava com o coração acelerado e isso o fez acreditar que ela sofria de uma doença cardíaca grave.

A relação com a mãe também era norteada pela profissão dela, pois como era professora, alfabetizou a filha em casa, temendo que ela sofresse agravamento da doença freqüentando a escola. Esse histórico poupou a pequena Amélie do contato com outras crianças, visto que era filha única. A morte repentina da mãe e o pouco contato com outras pessoas fizeram da jovem uma pessoa tímida e introspectiva.

Já adulta, a protagonista torna-se garçonete e mora sozinha. Certo dia, vê sua vida se transformar quando encontrou uma caixa com objetos pessoais de um antigo morador do seu apartamento. Depois de devolvê-la anonimamente percebeu o quanto gestos pequenos como aquele deixava os outros felizes. Passou então a criar mecanismos para construir a felicidade das pessoas que a cercavam a partir de pequenas atitudes, demonstrações e gestos baseada numa nova visão de mundo e num novo sentido para sua vida. Em uma dessas ações, Amélie se apaixona por um rapaz à primeira vista e diferentemente dos atos anteriores, acaba com o anonimato. Além de descobrir as semelhanças com o jovem conhece também um novo sentimento.

O filme coloca reflexões importantes envolvendo a crise da modernidade e a solidão acarretada por ela, pois demonstra que os pequenos gestos e a felicidade dos outros são desconsiderados nessa sociedade. Por isso o filme encanta, afinal consegue a partir de pequenos detalhes e da inocência da protagonista despertar uma sensibilidade amortecida nessa lógica individualista atual. A produção francesa acrescenta muito, inclusive no exercício do jornalismo, que demonstra que perceber sutilezas e subjetividades é fundamental.

Obs.: Retornando aos poucos a escrever nesse querido espaço. Sobre o filme, tenho a impressão de ter sido a última pessoa a assisti-lo, e confesso, me apaixonei. Mas caso eu não tenha sido a última espectadora, super recomendo! hehehe... Ah, vale ressaltar que só é encantador e apaixonante para pessoas sensíveis. =)