domingo, 25 de dezembro de 2011

A Imprensa do Vale do São Francisco e o código de ética do jornalista

Um debate tem se tornado recorrente no Vale do São Francisco, acerca de valores jornalísticos que inevitavelmente também recaem no debate sobre ética. Isto porque, três veículos de comunicação foram processados pelo poder público da cidade de Petrolina. Os Blogs da Folha do São Francisco e o Blog do Carlos Britto, bem como a Ponte FM respondem processos na justiça por terem citado os nomes da procuradora do município e do prefeito em um suposto esquema de corrupção.

Não há como construir esta discussão sem levar em consideração dois aspectos: O código de ética do jornalismo e a regulamentação da profissão. O código de ética aborda questões como imparcialidade, verdade, objetividade e confidencialidade. Entretanto, do ponto de vista prático, a regulamentação fugiria ao modismo moral e de fato estabeleceria parâmetros e soluções adequadas. Se tomarmos o episódio local como objeto de análise, a primeira questão citada cai por terra, visto que a jornalista da Folha, que responde a 24 processos, possui relações de caráter político na região, entretanto este não é o ponto crucial do debate e sim as justificativas trazidas à tona.

Sendo o moral o conjunto de regras sociais e a ética o agenciamento delas, o código de ética se apresenta como o objeto de consulta, por isso alguns discursos se reproduzem toda vez que o debate acerca do jornalismo está posto. É o caso da banalização do direito à liberdade de expressão e ao conceito de ditadura midiática. Estas justificativas acabam por ignorar um princípio básico do jornalismo: o compromisso com a verdade e com a responsabilidade, que exigem apuração rigorosa. Portanto, às acusações feitas aos veículos só foram possíveis por erros básicos do jornalismo, baseado em apurações inconsistentes que deram espaço para dupla interpretação. Entretanto isto não significa que o jornalista é sempre culpado quando existe este tipo de problemática apresentada, mas quando uma acusação é feita, sua defesa deve estar bem fundamentada graças ao seu trabalho minucioso. Nesse sentido, se couberam 42 processos neste episódio, deve-se avaliar a atuação do jornalista com o uso acentuado da virtude aristotélica.

Sendo assim, as lições que podem ser tiradas desta situação demonstram que uma nova discussão em torno do código de ética jornalística deve ser feito, pois idéias superadas como imparcialidade ainda existem para incriminar jornalistas que por sua vez, utiliza desculpas como a liberdade de imprensa, que está mais que garantida atualmente, para justificar o mau exercício da profissão. Com toda subjetividade ética, o que deve prevalecer na atuação do profissional da área é a razão, no sentido de realização da virtude aristotélica, só assim, episódios como este deixarão de ser corriqueiros e tornarão a profissão de jornalista verdadeiramente ética.