sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Movimento Amigos da Ilha do Fogo constrói Comitê Amplo de Lutas

A Ilha do Fogo, situada entre as cidades de Juazeiro e Petrolina passou a ser administrada pelo Exército brasileiro desde Setembro de 2012, por decisão judicial. A partir de então, o acesso dos banhistas ficou proibido e um grupo de estudantes, artistas e demais segmentos da sociedade organizaram o Movimento Amigos da Ilha do Fogo para defender que a visitação do espaço seja mantida.

Na última sexta-feira (06/12), um Ato Público foi realizado na Orla de Juazeiro para chamar atenção da sociedade e das autoridades locais para o livre acesso à Ilha. No evento foi criado um Comitê Amplo de Lutas para ampliar e definir as atividades do grupo. Para explicar um pouco mais das atividades construídas pelo coletivo e seus objetivos, conversamos com Stefan Mantu, um aposentado paulista que sensibilizado com a causa, passou alguns meses na região do Vale do São Francisco engajado no movimento.


1) Como surgiu o movimento Amigos da Ilha do fogo?

Não estava na região nesse período (metade desse ano) mas acompanhei de São Paulo esse processo. O Coletivo de Luta dos Amigos da Ilha, criado em sua grande maioria por frequentadores da Ilha surge como uma importantíssima reação à ameaça de invasão e fechamento de Ilha do Fogo.

2) O movimento Amigos da Ilha continua construindo atividades contra a ocupação do Exército à Ilha do Fogo. Quais foram os avanços até agora?

Considero que a compreensão das verdadeiras razões para a absurda invasão da Ilha do Fogo à partir das denúncias da dep. fed. Perpétua Almeida PCdoB do Acre e dos protestos da principal entidade nacional de arquitetura e Urbanismo, o CREA, nos demos por conta de que o acordo da CODEVASF
com o exército norteamericano (USACE) foi feito à revelia das autoridades nacionais responsáveis pela autorização da presença de tropas estrangeiras em nosso país. Para se lutar com possibilidades de vitória é fundamental se compreender o quadro em que a luta se dá.

3) As pessoas que defendem a administração do exército alegam o uso de drogas no local. O que o Movimento Amigos da Ilha pensa a respeito?

Todos sabemos que a Ilha do Fogo sempre foi um local privilegiado para o consumo de drogas em função do abandono em que - principalmente de nossa juventude - as autoridades responsáveis por sua administração a largaram. Esse argumento absurdo tinha como objetivo - e de certa forma inicialmente conseguiu - estigmatizar a todos que lutavam contra a invasão da Ilha. Felizmente e com muito trabalho e paciência fomos desarmando essa verdadeira ratoeira. A invasão da Ilha resolveu o problema das drogas nas duas cidades? Claro que não! Droga é uma questão de saúde pública e como tal deve ser tratada.

4) Vocês defendem que as prefeituras de Juazeiro e Petrolina assumam a administração da ilha, no que diz respeito a segurança, limpeza e estruturação. Como seria essa divisão?

Essa não é uma questão que cabe ao Coletivo solucionar. Apenas apontamos as responsabilidades sobre a Ilha. Existe um projeto do Museu do Ribeirinho elaborado pela Univasf que consideramos extremamente importante e deve ser realizado na própria Ilha.

5) Na ultima atividade o grupo parou a orla de Juazeiro para chamar a atenção da sociedade. Qual a avaliação desta ação? Ela alcançou seus objetivos?

Não paramos a Orla de Juazeiro, o trânsito foi desviado sem provocar transtornos à população. Eu considero essa atividade do Ato Público extremamente importante para que as duas cidades tomem consciência das questões que estão envolvidas nessa luta. Como consequência desse Ato, nesse sábado criamos um Comitê de Luta extremamente importante contando com a participação de sindicatos, entidades de defesa do S. Francisco, etc. A nossa organização atinge dessa forma um patamar bem mais avançado.

6) Quais serão os próximos passos do movimento para tentar permitir o acesso do povo à Ilha?

O principal passo foi a criação do Comitê Amplo de Luta. As ações futuras vão ser discutidas e planejadas nesse organismo recém criado.

7) Caso o acesso do povo à Ilha seja devolvido, o movimento pretende continuar de alguma forma?

Importante considerar que o movimento tem 3 reivindicações e o acesso à Ilha é somente uma delas. O direito ao trabalho dos pescadores que com suas famílias sobrevivem há mais de 30 anos da pesca e estão sendo expulsos da Ilha é outra fundamental bandeira de luta nossa, aliás, a 1a. A suspensão imediata do contrato entre a Codevasf e o exército norteamericano para uma profunda análise de seu conteúdo e a imediata retirada dos soldados norteamericanos da região completam atualmente nossas reivindicações.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Abertura de seminário na UNEB marcou o dia de luta pela democratização da comunicação


Comunicação pra quê? Este é o nome do seminário iniciado na tarde de ontem (18), no Auditório Antônio Carlos Magalhães, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em Juazeiro. Além de batizar o evento, o questionamento norteou as discussões acerca da comunicação no Sertão do São Francisco. A data do evento marcou o dia internacional da luta pela democratização da comunicação, em que debates semelhantes aconteceram em diversos locais do mundo.
Além da democratização da comunicação, temas como comunicação comunitária e popular, direitos humanos, conselhos de comunicação, tecnologia e participação social foram relacionadas ao debate. Para a coordenadora do evento, a professora Gislene Moreira, a participação do indivíduo na produção da comunicação é fundamental para seu desenvolvimento. “A gente faz comunicação para o desenvolvimento das nossas vidas”, avaliou.
Na conferência de abertura, a Diretora do DCH III, Aurilene Rodrigues enfatizou a importância do espaço de debate e o comprometimento da organização para a realização do evento. A jornalista do Fórum de Comunicação do Sertão do São Francisco Érica Daiane iniciou as discussões fazendo um resgate histórico da evolução da comunicação no Vale do São Francisco, ressaltando a importância de pessoas como Dom José Rodrigues neste processo.
A professora da Universidade Metodista de São Paulo Cicília Peruzzo trouxe à discussão a definição ideal da comunicação atual. “É importante a gente conceber a comunicação como um processo mais amplo de organização social. Então, nesse modelo participativo, a luta pelo direito à comunicação se torna mais explicita”, pontuou Cicília.
Já o radialista da região sisaleira da Bahia Edisvânio Nascimento discutiu o papel fiscalizador da comunicação. “A rádio comunitária deve trabalhar junto ao Ministério Público, que é um dos instrumentos que podem fazer com que estes segmentos possam receber denúncias e investigar. A comunidade por si só não pode fazer um processo de justiça, mas ela pode caminhar junto com a justiça”, salientou.
Também esteve presente no debate, a jornalista e representante do Intervozes, Cecília Bezerra, que fez um panorama da comunicação atual a partir de espaços como a primeira Conferência Nacional de Comunicação e sua importância para a organização e sistematização do debate e pautas de reivindicação.
Organizado pelo Colegiado de Comunicação Social Jornalismo em Multimeios, do Departamento de Ciências Humanas (DCH III) da UNEB, em parceria com o Fórum de Comunicação do Sertão do São Francisco, o evento contou com a presença de estudantes e profissionais da área de Comunicação de toda a Região, bem como representantes de organizações independentes e movimentos sociais.
O debate continua hoje (19), a partir das 14h, com a discussão do tema “A comunicação no Sertão do São Francisco: O que temos e o que queremos”, que terá a participação de profissionais de comunicação da Região. Às 16h30, haverá uma homenagem a Dom José Rodrigues, por suas contribuições à comunicação no sertão do São Francisco.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O Brasil e a Política na Rede: Uma descoberta

Desde o ano de 2008, a internet passou a ser vista em todo mundo como uma potencial ferramenta de caráter político. A vitória de Barack Obama tornou-se uma referência no assunto, visto que o candidato conseguiu através das redes sociais quase metade do recurso utilizado na campanha.
No Brasil, algumas tentativas no mesmo sentido foram iniciadas nas eleições presidenciais em 2010, quando todos os candidatos experimentaram utilizar as redes para interagir com eleitor e saber de suas perspectivas. Diferente do presidente americano, aqui, os efeitos não foram tão perceptíveis e acredito que isso tenha ocorrido por conta de dois fatores: a falta de legislação eleitoral que discorra sobre a internet e a falta de acesso de toda população à rede.
 
Enquanto 85% dos americanos possuem internet em casa, apenas 33% dos brasileiros contam com a ferramenta para escolher seu candidato. Sendo assim, é compreensível que nos Estados Unidos o efeito da participação dos políticos nas redes sociais impactem mais no resultado da campanha e das eleições do que no Brasil. É a contradição tecnológica entre a votação de representantes políticos entre os dois países. Enquanto aqui sabemos o resultado no mesmo dia em que votamos, os americanos esperam dias pelo anúncio do vitorioso. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos estão mais próximos da democratização política discutida por Pierre Levy. No Brasil, sites como o Transparência Brasil ainda dão os primeiros passos na participação política popular, por enquanto, ela se restringe à comentários politicamente correto nas redes sociais.
Outro aspecto que deve ser analisado é a falta de legislação clara no que diz respeito às regras da eleição na rede. Este fator inibe consideravelmente a participação política dos candidatos na internet. Nas eleições de 2012, o que pôde ser observado foi a grande discussão entre cidadãos comuns em seus perfis. Mesmo estes quando ofendidos, não sabiam a quem recorrer e a resposta vinha “na mesma moeda”. Apenas quando um funcionário público ou candidato decidia expor opinião política que opositores se preocupavam em conhecer, debater e fazer valer as regras eleitorais ainda tão novas. O medo de errar e ser incriminado neste caso, funcionou como agente inibidor da descoberta política na internet.
Sendo assim, mesmo que o Brasil cresça no número de pessoas com acesso à internet, ainda explora muito pouco as potencialidades da ferramenta que pode aproximar a política do cotidiano das pessoas. Além disso, as tecnologias utilizadas para agilidade na apuração dos votos já se consolidaram como modelo global, sendo assim, tecnologias para segurança dos usuários da internet deveriam ser implementadas inclusive nas redes sociais, para assegurar tranquilidade e eficácia no seu uso, elementos imprescindíveis para o avanço da política na rede. Além, é claro, de uma legislação clara no que diz respeito ao uso da internet para campanhas políticas.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Documentário “Nós que aqui estamos por vós esperamos”: Uma reflexão


A modernidade trouxe consigo uma série de características e valores, todos atrelados ao modelo econômico adotado pela maioria dos países do globo. O século XX foi um divisor de águas para implantação e entendimento deste modelo, já que contou com grandes revoluções capazes de modificar as lógicas social, política e econômica.


As alterações no modo de produção e consumo estão presentes em quase todas as ações exercidas no cotidiano. A lógica fordista, onde a linha de produção é dividida entre diversas pessoas com funções específicas, é perdurada até hoje no que diz respeito ao exercício do jornalismo. Em veículos como a televisão esta dinâmica se apresenta claramente, pois enquanto o produtor pensa e apura as pautas, o repórter faz entrevistas e escreve o texto, o cinegrafista capta imagens, o editor de texto o revisa, o editor de imagens as coloca na matéria, o editor monta o jornal e os apresentadores expõem suas imagens e trazem as matérias para os telespectadores. Tudo numa lógica definida, engessada, onde cada um sabe seu papel, sua tarefa, sem muito refletir sobre ela. Diferente do que o senso comum leva a crer, a atividade jornalística pouco reflete, pouco problematiza e muito mecaniza e reproduz.

Ainda assim, a falta de reflexão trazida pela modernidade para algumas profissões como o jornalismo, está longe de ser sua pior face. Os valores construídos na sociedade do mecanicismo - consumismo – globalizada são ainda mais graves para a formação cidadã. O individualismo e caracterização de alguns grupos como inferiores demonstra que esta lógica não existe para ser justa ou igualitária. O documentário “Nós que aqui estamos por vós esperamos” possui inúmeras frases e imagens de efeito que destacam esta lógica. Aqui destacarei as que mais me chamaram atenção: O trabalhador rural que não conhece energia elétrica, mas gosta de coca-cola, a mulher que conquistou sua independência financeira, mas assume ainda as atividades domésticas, bem como o jovem soldado que descreve sua rotina de guerra como uma espera por comida, água e só enxerga na morte a fuga desta angústia. 

Em todas as situações podemos destacar valores característicos do século que modificou toda ordem social. O jovem sem perspectiva, envolvido por um pseudo – patriotismo – mortífero propagado pela guerra demonstra que as vidas perdem importância para a disputa de poder. Da mesma forma, a mulher questionadora na sociedade patriarcal e machista tem a idéia de liberdade conquistada pelas lutas nos processos políticos, mas não consegue alcançar a tão sonhada sociedade igualitária, simplesmente porque foge aos interesses deste modelo. Outra desigualdade se destaca na imagem do trabalhador rural que sequer possui condições de vida digna com direito à energia, mas se deixa levar pela falsa ilusão de que todos nesta sociedade são iguais e por isso tem uma preferência por coca-cola, o maior símbolo da globalização proposta pelo capitalismo.

Assim, seja no trabalho como jornalista-mecanicista, na depressão feminina na luta pela igualdade, na preferência por coca-cola ou pela falta de oportunidade e perspectiva para os jovens, a modernidade me atinge, sem deixar opção de escolha. Além disso, nessa lógica da globalização e padronização de conceitos, hábitos e valores, não há como eu, ou qualquer outro cidadão fugir deste modelo. Da mesma forma, não há como evitar  que os que lá estão por nós esperem. 

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A Escolha da Política

A descoberta da política sempre é um marco na vida de qualquer pessoa. Não quero aqui dizer que sou melhor que os demais, mas minha relação com a política começou muito antes de eu descobrir o que ela significava.

Segunda filha de pais com tendências de esquerda, sempre percebi a política de uma maneira muito subjetiva no cotidiano. Ir para a escola aos dois anos de idade para que os pais trabalhassem, perceber o esforço deles para garantir condições de estudo, saúde e vida digna sempre foram maneiras experimentais de entender a lógica da ideologia política seguida no berço familiar. Ainda que timidamente na vida social, dentro de casa as posições, convicções e discussões políticas sempre foram presentes.

Ainda no ensino fundamental fui apelidada por um professor de “amiga marxista”. Curiosa, questionei em casa do que se tratava. Foi quando meu pai explicou quem ele era e porque me chamavam assim. Ao invés de me sentir ofendida, fui envolvida por um misto de orgulho e curiosidade. A partir dali passei a fazer leituras tímidas sobre o socialismo e Karl Marx, o cara que havia me garantido um apelido diferente de magrela ou quatro olhos.

Filosofia, economia, democracia, militância quase que naturalmente passaram a fazer parte do meu vocabulário. Não tarde, a primeira eleição que me recordo chegou. Lembro de ter me arrumado para comemorar uma vitória que não veio. O resumo deste episódio teve uma página própria no meu diário: “O pior dia da minha vida”. A escrita traduzia o prematuro entendimento da política e sua complexidade que vão além de vitórias e derrotas nas urnas.

Anos depois, com mais bagagem, leitura e desejo motivei a construção do Grêmio Estudantil no Colégio Salesiano que estudava, ainda quando morava no Mato Grosso do Sul. Mesmo derrotada nas urnas garanti a primeira página no jornal influente do Estado numa campanha contra a corrupção. Ainda tomada pelo espírito revolucionário próprio da juventude me filiei ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e conheci a União da Juventude Socialista (UJS). Era uma necessidada de demonstrar segurança numa ideologia e vontade de estar em um lado definido, de uma verdade.

E a atitude surtiu efeito. No plebiscito sobre desarmamento convenci toda a família a votar na opinião que eu defendia. Talvez mais pela carga política que um partidarismo traz do que propriamente pelo poder de argumentação.

Se seguiram filiações na família, amigos, desconhecidos. Mudança de cidade, Estado, curso superior e o mesmo hábito discutir a política em casa, mas agora, também fora dela. Estágio no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Juazeiro (STRJ), Congresso da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES), União dos Estudantes da Bahia (UEB), União Nacional dos Estudantes (UNE), Conferências Municipal e Estadual de Juventude, Congressos partidários, participação no Diretório Acadêmico de Engenharia Elétrica (DAEEL), no Diretório Central dos Estudantes (DCE) e tantas outras siglas que representam uma luta cotidiana.

As mudanças se estenderam à opção de curso superior e a relação com a política ganhou novos ares. Mesmo ainda incorporando a sigla do Centro Acadêmico de Comunicação Social – Jornalismo em Multimeios (CaCos), UJS e PC do B, a militância e participação precisaram dividir espaço com os desafios do jornalismo. Dolorosos desafios, é verdade, mas necessários para o bom exercício da profissão escolhida.

Ainda que discorde de opiniões que irredutivelmente dizem que jornalista não pode ter partido ou opinião cedi aos interesses da tal ocupação dos espaços exposta por Marx. Seja na empresa de estágio ou no silêncio na campanha política experimento outros formatos e texturas do que considero política. Não mais com o pesar e drama habitual que descrevia as derrotas no diário e longe dos Sindicatos e da liderança nas siglas, hoje continuo vivenciando a política e descobrindo suas novas manifestações, seja nos estudos de Ciberdemocracia, ou na disputa de espaços políticos na Universidade.

A certeza de que todo mundo precisa de um lado, se mantém e a política também escolheu o seu lado que é estar na minha companhia. Assim, a política sempre encontra uma maneira de se manifestar em cada um, para minha sorte se manifesta em mim de forma latente, eterna.


terça-feira, 28 de agosto de 2012

Poema




Mulher crescida, cheia de si, segura, dura e controladora. Longe de ser aquela que engolia sapos, rãs, e todos os anfíbios do mundo para evitar uma briga. Mais distante ainda de ser aquela que levava desaforo, choros e dores para casa. Esta de agora preferia brigar, chorar e encarar os fatos e fotos,  para supervalorizar suas características já descritas, mas isso, só até se deparar com o medo.

Nunca soube lidar com ele, mesmo que na infância fizesse bom uso para conseguir um carinho que nunca soube demonstrar. Mas a mulher crescida e segura perdia as estribeiras quando o medo invadia sua morada. Das recordações que carrego, as piores possuem relação com o tal sentimento, a tal sensação.

"E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou um consolo
Hoje eu acordei com medo mas não chorei
Nem reclamei abrigo"

Lembro quando a avó passou mal no hospital. Enquanto alguém a socorria e outra pessoa chamava o médico, eu impressionada, coloquei as mãos na cabeça, estática e tomada pelo medo de perdê-la, sem saber como reagir, simplesmente não agi. Da mesma forma, quando o pai estava a beira da morte nada fiz além de me portar como uma criança, esperando um abraço.

Hoje, tanto tempo depois de refletir, entender e recordar como o medo me atinge, acordei refém dele, mais uma vez. Para falar a verdade, sequer dormi, pensando em quantos planos, sonhos e perspectivas terei de deixar para trás e quantas posturas terei de adotar, sem querer daqui para frente. 

"De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa"


Entretanto, o sentimento que antes me tomava pelo receio da perda, hoje me alcança pelo medo da presença. Sim, da presença! É que não quero ocupar um lugar que não é meu de direito e vontade. Não quero interferir mais na vida de alguém do que posso e devo, não quero ser uma presença forçada para ninguém. Sempre estive rodeada de pessoas que me amam e sei que é assim porque não tenho nada a oferecer, além de angústias, dúvidas e inseguranças escondidas numa fantasia de mulher crescida. Só quero que continue assim... Gente que consegue me aturar e amar, sem obrigação alguma.

Não quero perder o controle, não quero viver uma vida que não é minha e nem quero me tornar para alguém o que não sou. É só isso! Medo de não ser mais a contradição que eu sou e que consegue compreensão alheia. Medo de não seguir o curso da vida com a naturalidade e beleza que ela tem e ter de substituir cada momento por um roteiro pronto. Medo de não ser feliz por não aguentar a responsabilidade de ter de fazer outras pessoas felizes, pelo mal inusitado da obrigação.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Pseudo-rotina

Sete e pouco da manhã. Poucos minutos de atraso contabilizados em um expediente que há muito tempo já começou. A ronda anuncia entre acidentes, roubos, assaltos, homicídios, estupros e sequestros que a cidade mal dormiu em meio a tantos acontecimentos. Tragédia para alguns, trabalho para outros que raramente acordam com tantas opções de notícias. O repórter chega e ao abrir seu roteiro na capa de pauta se depara com poucas informações e muitas dúvidas. “Para onde devo ir? O delegado vai falar? A vítima está no IML? O acusado foi detido?” e sem encontrar muitas respostas parte rumo à delegacia até que a notícia chegue até ele e não o contrário.

Equipes de reportagem na rua anunciam silenciosamente a reunião de pauta da produção. Hoje especialmente, muitas ideias surgem, já que uma chuva de factuais resolveu salvar o dia e guardar as possibilidades para o próximo amanhecer. O cardápio está posto e entre economia, saúde, moda, denúncias, agricultura, cotidiano, entre outros, a discussão se acalora para saber o que tem prioridade, o que deve mudar de foco, o que deve ser de interesse público, bem como o que só serve para ser rejeitado. Eis que alguém olha para o relógio e apressa os colegas para a vida real, para a necessidade de encontrar fontes, personagens, informações, notas, telefones e mais ideias, pois essas, nunca incomodam por excesso.

Hora de ligar para assessorias, hospitais, polícia, corpo de bombeiros, moradores, esportistas e todos que possam nos esclarecer como aquela ideia vaga pode se tornar uma matéria interessante. Momento de entender um pouco de cada assunto e massagear o ego através da falsa ideia de conhecimento amplo. Árduo espaço de tempo reservado para ouvir desaforos do outro lado da linha, inseguranças e timidez diante de câmeras e exaustivas negações de entrevistas. Delicado momento de convencimento, choro e quem sabe venda da alma para alcançar o objetivo de conclusão da matéria, que quando frustrado enche a rotina jornalística de agonia e angústia. Passado o terror, matérias marcadas, informações apuradas e a garantia do sossego, ao menos até o dia seguinte.

Jornal no ar, tranquilidade na redação. Hora de responder e-mails, mensagens do programa interno da empresa, hora de ligar para um entrevistado agradecendo a entrevista e para outro lembrando que sua participação aparecerá em instantes na tela. Número do telefone na televisão, perguntas ao médico convidado para o estúdio. “Qual o nome do senhor? Qual o seu bairro? Sua pergunta? Ah, me desculpe, mas hoje o tema não é este! Obrigada pela participação! As ligações foram encerradas.”. Pausa para assistir aquele VT que deu o maior trabalho para ser produzido e durou menos de um minuto no ar.

O telefone toca novamente. “Será que alguém não viu o rodapé com o escrito ‘ligações encerradas’?” Desta vez não foi o caso. Alguém quer sugerir pauta na recepção. Andar rápido, saudações e sorrisos dados, anotações e promessas feitas. Numa receita rápida retorno quase instantâneo à redação. Desta vez para ouvir o boa tarde dos âncoras do jornal, olhar para o relógio e reproduzir este desejo já pensando no dia de amanhã, que certamente deve oscilar entre o estressante e tedioso, mesmo que não sejam exatamente opostos.

sábado, 11 de agosto de 2012

Educação Tecnológica no Sertão: Uma nova realidade

Por Adailma Gomes
Amanda Lima


Estudantes do Curso de Tecnologia em Alimentos durante aula prática. Fonte (IF Sertão)

Seis e meia da manhã. Todos os dias este é o horário em que Isabella Ferreira deixa sua casa no bairro Maringá em Juazeiro. Em meio ao silêncio das ruas e a pressa controlada pelo relógio, o caminho até o terminal de ônibus só é interrompido para a compra de um biscoito no mercado, já que café da manhã é objeto de luxo para quem possui uma rotina atribulada como a dela. Seu percurso diário além de destino a Petrolina tem como rumo um futuro promissor. Assim espera a jovem, que como outros 1.714 estudantes do Vale do São Francisco escolheu o ensino Tecnológico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano, campus Petrolina – IF Sertão para sua formação.

O curso escolhido por Isabella foi o de Tecnologia em Alimentos, um curso Tecnológico. Esta nova modalidade de ensino não corresponde ao Curso Técnico. A Lei Nº 12.677, de 25 de Junho de 2012 garante que sua formação equivale a do Ensino Superior, mas se difere dele porque tem menor duração para atender demandas urgentes que exigem qualificação profissional.  Esta perspectiva de empregabilidade em diversos setores foi um atrativo decisivo na escolha do curso de Tecnologia em Alimentos por Isabella: “As indústrias são as principais, pois lá é possível trabalhar em vários setores, como controle de qualidade, tratamento de água e inspeção, além da carreira docente.”, explica.

EMPREGO Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Cadeg), do Ministério do Trabalho, Petrolina está entre as dez cidades que mais gera empregos formais em todo país e em primeiro lugar entre os municípios do interior. Para se ter uma ideia, 20% das vagas de emprego criadas em Maio de 2012, foram geradas pelas dez cidades que lideram a lista de geração em todo país.

Para o Economista com Doutorado em Ciências Empresariais, Genival Ferreira da Silva, o mercado regional tem dois lados. “Acredito que parte desses profissionais possui garantia direta de emprego e a parte que não se insere no mercado é devido a outras variáveis, como qualidade na formação, inadaptação com a região, entre outros”, pondera.

EDUCAÇÃO Na década de 1990, o Brasil vivia um processo de sucateamento do Ensino Técnico Federal. Nos dez anos seguintes a expansão destas instituições foi significativa. Segundo o Ministério da Educação, em 2008 o sistema foi reorganizado e deixou de ser Escola Técnica para se tornar Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs), o que absorveu os Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets) e as Escolas Técnicas remanescentes. A Rede Federal conta atualmente com 38 institutos, dois Cefets e uma Universidade Tecnológica e Federal.

O reitor do IF Sertão Pernambucano, Sebastião Rildo Fernandes Diniz, acredita que a interiorização do Ensino Superior representa uma mudança significativa na vida das pessoas e no desenvolvimento da sociedade. “Essa visão de transformar o mundo através de uma educação, possibilita ao jovem dizer: ‘Eu vou terminar o meu ensino médio e vou saber o que fazer. Tenho um oficio, conheço o mundo, conheço a ciência, mas também sei que trabalho eu vou fazer e como executar este trabalho. ’”, defende.

Com o mesmo pensamento do Educador, estudantes como Isabella, citada no início da reportagem, pretendem não só ingressar no mercado de trabalho, mas aproveitar a estrutura educacional existente no semiárido para investir na formação. “Há também incentivo à iniciação científica e continuidade nos estudos através de pós-graduação e especializações.”, conta com entusiasmo.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Né?

"Não se concentre tanto nas minhas variações de humor, apenas insista em mim. Se eu calar, me encha de palavras, me faça querer dizer outra e outra vez sobre você, sobre nós, e todo esse amor. Se eu chorar, não me faça muitas perguntas, não precisa nem secar minhas lágrimas. Só me diz que você continuará comigo pra tudo, que tenho teu colo e teu carinho. E ainda que te doa me ver assim, me envolva nos teus braços e diga que eu posso chorar, mas que você não sairá dali enquanto eu não sorrir. Porque é isso que nos importa, não é? O sorriso um do outro."

domingo, 3 de junho de 2012

Sequência que ilumina meus dias VI











"Aqui tem um bando de louco, louco por ti Corinthians"

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Sequência que ilumina meus dias V




"Ela me faz tão bem, ela me faz tão bem. Que eu também quero fazer isso por ela"

domingo, 15 de abril de 2012

Participe do 4 º Congresso da UJS Juazeiro

No Brasil e na Bahia, muitos são os avanços percebidos na vida dos jovens. Sua formação educacional aumenta consideravelmente a partir de programas do Governo Federal, como Prouni, Pronatec e Enem.

A cidade de Juazeiro acompanha este crescimento e depois de 20 anos de atraso político, a juventude já possui motivos para comemorar. A União da Juventude Socialista (UJS) apostou na mudança com a eleição de Isaac Carvalho e hoje tem muitos motivos para se orgulhar desta escolha. A formação e a qualidade de vida dos jovens tem sido prioridade e os investimentos na educação demonstram isso. Em estrutura foram 5 creches construídas e 10 em construção, mais de 15 prédios reformados e ampliados e a climatização de 10 escolas. Na formação do aluno, 40 mil livros paradidáticos distribuídos, além da criação da Escola de Tempo Integral e conclusão do Ginásio de Esportes do Paulo VI. Na valorização dos professores foram consolidadas a criação da escola de formação de professores, aumento salarial de 71,98%, concessão de abono para compra de notbooks que devem aumentar a interatividade nas aulas.

Todas estas conquistas servem de incentivo para alcançarmos ainda mais mudanças na vida da juventude juazeirense. Pensando assim, no último período, a UJS Juazeiro mobilizou entidades de juventude do município em torno da criação do Conselho Municipal de Juventude que agora já é realidade. Sua função é criar e ampliar as Políticas Públicas para o segmento no município e a UJS tem feito isto através da cadeira da presidência que ocupa.

Mas a juventude juazeirense quer e pode mais. Nossas lutas em torno de um transporte público de qualidade, da garantia da meia-entrada, maior organização estudantil, maior acesso à cultura, esporte e lazer precisam ser fortalecidas constantemente. Queremos menos violência, mais espaços de referência, mais bibliotecas, praças e oportunidades para a juventude.

É por isto, que nós da UJS Juazeiro convidamos você a participar do momento mais importante de organização da nossa entidade, o Congresso Municipal que vem construir debates sobre as mudanças que nós vislumbramos para o nosso município. E você é parte importante neste processo! Venha conosco construir um grande evento e lutar por um mundo melhor, mais justo e humano. Participe do 4 º Congresso Municipal da UJS Juazeiro, no dia 12 de Maio, a partir das 8 horas da manhã no Colégio Paulo VI.