sábado, 11 de agosto de 2012

Educação Tecnológica no Sertão: Uma nova realidade

Por Adailma Gomes
Amanda Lima


Estudantes do Curso de Tecnologia em Alimentos durante aula prática. Fonte (IF Sertão)

Seis e meia da manhã. Todos os dias este é o horário em que Isabella Ferreira deixa sua casa no bairro Maringá em Juazeiro. Em meio ao silêncio das ruas e a pressa controlada pelo relógio, o caminho até o terminal de ônibus só é interrompido para a compra de um biscoito no mercado, já que café da manhã é objeto de luxo para quem possui uma rotina atribulada como a dela. Seu percurso diário além de destino a Petrolina tem como rumo um futuro promissor. Assim espera a jovem, que como outros 1.714 estudantes do Vale do São Francisco escolheu o ensino Tecnológico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano, campus Petrolina – IF Sertão para sua formação.

O curso escolhido por Isabella foi o de Tecnologia em Alimentos, um curso Tecnológico. Esta nova modalidade de ensino não corresponde ao Curso Técnico. A Lei Nº 12.677, de 25 de Junho de 2012 garante que sua formação equivale a do Ensino Superior, mas se difere dele porque tem menor duração para atender demandas urgentes que exigem qualificação profissional.  Esta perspectiva de empregabilidade em diversos setores foi um atrativo decisivo na escolha do curso de Tecnologia em Alimentos por Isabella: “As indústrias são as principais, pois lá é possível trabalhar em vários setores, como controle de qualidade, tratamento de água e inspeção, além da carreira docente.”, explica.

EMPREGO Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Cadeg), do Ministério do Trabalho, Petrolina está entre as dez cidades que mais gera empregos formais em todo país e em primeiro lugar entre os municípios do interior. Para se ter uma ideia, 20% das vagas de emprego criadas em Maio de 2012, foram geradas pelas dez cidades que lideram a lista de geração em todo país.

Para o Economista com Doutorado em Ciências Empresariais, Genival Ferreira da Silva, o mercado regional tem dois lados. “Acredito que parte desses profissionais possui garantia direta de emprego e a parte que não se insere no mercado é devido a outras variáveis, como qualidade na formação, inadaptação com a região, entre outros”, pondera.

EDUCAÇÃO Na década de 1990, o Brasil vivia um processo de sucateamento do Ensino Técnico Federal. Nos dez anos seguintes a expansão destas instituições foi significativa. Segundo o Ministério da Educação, em 2008 o sistema foi reorganizado e deixou de ser Escola Técnica para se tornar Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFs), o que absorveu os Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets) e as Escolas Técnicas remanescentes. A Rede Federal conta atualmente com 38 institutos, dois Cefets e uma Universidade Tecnológica e Federal.

O reitor do IF Sertão Pernambucano, Sebastião Rildo Fernandes Diniz, acredita que a interiorização do Ensino Superior representa uma mudança significativa na vida das pessoas e no desenvolvimento da sociedade. “Essa visão de transformar o mundo através de uma educação, possibilita ao jovem dizer: ‘Eu vou terminar o meu ensino médio e vou saber o que fazer. Tenho um oficio, conheço o mundo, conheço a ciência, mas também sei que trabalho eu vou fazer e como executar este trabalho. ’”, defende.

Com o mesmo pensamento do Educador, estudantes como Isabella, citada no início da reportagem, pretendem não só ingressar no mercado de trabalho, mas aproveitar a estrutura educacional existente no semiárido para investir na formação. “Há também incentivo à iniciação científica e continuidade nos estudos através de pós-graduação e especializações.”, conta com entusiasmo.

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