segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O Brasil e a Política na Rede: Uma descoberta

Desde o ano de 2008, a internet passou a ser vista em todo mundo como uma potencial ferramenta de caráter político. A vitória de Barack Obama tornou-se uma referência no assunto, visto que o candidato conseguiu através das redes sociais quase metade do recurso utilizado na campanha.
No Brasil, algumas tentativas no mesmo sentido foram iniciadas nas eleições presidenciais em 2010, quando todos os candidatos experimentaram utilizar as redes para interagir com eleitor e saber de suas perspectivas. Diferente do presidente americano, aqui, os efeitos não foram tão perceptíveis e acredito que isso tenha ocorrido por conta de dois fatores: a falta de legislação eleitoral que discorra sobre a internet e a falta de acesso de toda população à rede.
 
Enquanto 85% dos americanos possuem internet em casa, apenas 33% dos brasileiros contam com a ferramenta para escolher seu candidato. Sendo assim, é compreensível que nos Estados Unidos o efeito da participação dos políticos nas redes sociais impactem mais no resultado da campanha e das eleições do que no Brasil. É a contradição tecnológica entre a votação de representantes políticos entre os dois países. Enquanto aqui sabemos o resultado no mesmo dia em que votamos, os americanos esperam dias pelo anúncio do vitorioso. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos estão mais próximos da democratização política discutida por Pierre Levy. No Brasil, sites como o Transparência Brasil ainda dão os primeiros passos na participação política popular, por enquanto, ela se restringe à comentários politicamente correto nas redes sociais.
Outro aspecto que deve ser analisado é a falta de legislação clara no que diz respeito às regras da eleição na rede. Este fator inibe consideravelmente a participação política dos candidatos na internet. Nas eleições de 2012, o que pôde ser observado foi a grande discussão entre cidadãos comuns em seus perfis. Mesmo estes quando ofendidos, não sabiam a quem recorrer e a resposta vinha “na mesma moeda”. Apenas quando um funcionário público ou candidato decidia expor opinião política que opositores se preocupavam em conhecer, debater e fazer valer as regras eleitorais ainda tão novas. O medo de errar e ser incriminado neste caso, funcionou como agente inibidor da descoberta política na internet.
Sendo assim, mesmo que o Brasil cresça no número de pessoas com acesso à internet, ainda explora muito pouco as potencialidades da ferramenta que pode aproximar a política do cotidiano das pessoas. Além disso, as tecnologias utilizadas para agilidade na apuração dos votos já se consolidaram como modelo global, sendo assim, tecnologias para segurança dos usuários da internet deveriam ser implementadas inclusive nas redes sociais, para assegurar tranquilidade e eficácia no seu uso, elementos imprescindíveis para o avanço da política na rede. Além, é claro, de uma legislação clara no que diz respeito ao uso da internet para campanhas políticas.

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