5) Estudei em 4 escolas diferentes ao longo da minha vida, mas a primeira foi sem dúvidas a mais legal. Era no meu bairro e até hoje tenho um carinho imenso pelas professoras que pareciam mesmo nossas “tias” como chamávamos, tamanha era a intimidade que tínhamos. Nesse período experimentei as primeiras emoções como amor e ódio. Me apaixonei por um menino da escola, mas ele era apaixonado pela minha melhor amiga (quase o conflito central de uma novela mexicana), e desde aquela época eu era muito contida em relação a exposição da minha vida, acho que ninguém sabia, a não ser minha mãe que além de ser adulta e ter um nível de compreensão maior me conhece como ninguém. Bom, o ódio veio de um menino com o qual eu tive que dançar quadrilha. Fiquei chocada quando ele limpou o nariz, coçou na minha frente as partes íntimas e depois me deu a mão para fazer a coreografia. Acho graça hoje, mas no dia contei pra minha mãe e pedi pra não dançar quadrilha, mas acabei dançando. No dia da apresentação, fui atacada pela primeira vez por um cachorro e estava com o braço ferido e o menino que parecia um ogro foi todo fofinho comigo. A partir daí tive mais consideração por ele e aprendi que as atitudes boas tendem a nos fazer diminuir e esquecer as ruins.
6)Tenho orgulho de lembrar que nunca gostei da Xuxa ou de Sandy e Júnior e que meu disco favorito era do Carrossel, sim, aquela novela fofinha que passava no SBT. Adorava a professora Helena e achava que todas as minhas educadoras eram tão boazinhas quanto ela.
7)Nunca tive talento algum, não que eu tenha descoberto. Fui o centro das atenções na formatura do pré, onde apresentei uma peça em que eu era a princesa protagonista. Embora o príncipe estivesse no hall dos meninos mais chatos da sala, me diverti e não fiquei nervosa. Aliás, eu nunca ficava nervosa para apresentar trabalhos, como gostava de estudar geralmente explicava bem. E como nós sabemos, as coisas mudam no decorrer da vida.
8) Já na última escola que estudei, comecei a ser mais sociável, fiz grandes amigos que admiro até hoje. Descobri que todas as pessoas são belas (é, eu acredito nisso até hoje e meus amigos me recriminam e chamam de inocente ou boba) e me interessei por descobrir e conviver com essa diversidade de belezas. Alcancei um estágio muito avançado de simpatia e cheguei a fazer grandes amigos no ônibus. No terceiro ano fui eleita para ser a oradora da formatura, mas acabei não participando porque viajei no mesmo período. Construí um grupo de discussão política e tentei fundar o grêmio da escola, acho que foi aí que iniciei meu interesse pela política. Quando terminei o ensino médio me mudei para Juazeiro – BA e pude consolidar a militância que iniciei timidamente em Campo Grande. Quis trabalhar pela primeira vez no terceiro ano com um amigo meu numa loja de motos, a paixão dele, mas minha mãe não deixou porque disse que eu precisava priorizar os estudos. Sempre tive vontade de fazer parte da População Economicamente Ativa – PEA (minha memória ainda serve para lembrar das aulas de geografia dos tempos da escola), mas isso só foi possível já na faculdade, quando comecei trabalhar no Sindicato dos Trabalhadores Rurais, já em Juazeiro. Depois disso já dei aulas através de um projeto de extensão da Universidade na Zona Rural.