domingo, 12 de setembro de 2010

Os jornalistas e a independência

Com um certo atraso, gostaria de descrever um pouco do momento político da Independência do Brasil para trazer algumas reflexões acerca do representativo 7 de Setembro.

Como bem disse o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, o fato é narrado pela elite do nosso país que desconsidera a importância de alguns fatos e personagens populares.

"O título de herói da Independência coube a D. Pedro I e o fato mais importante ficou sendo o grito dado às margens do Ipiranga: “Independência ou morte”. Esta escolha – nada casual - se encaixava perfeitamente aos interesses das elites brasileiras em busca de símbolos que melhor expressassem e servissem à sua dominação de classe. A Independência não se realizaria sem o pensamento e ação dos setores populares e radicais do independentismo, como Cipriano Barata."

Somado à luta popular existe um fator que eu como futura jornalista não posso desconsiderar. A existência dos pasquins.

O pasquim era um tipo de impresso que tratava apenas um tema e era escrito por apenas uma pessoa. A linguagem usada era virulenta e freqüentemente apelava para as características físicas dos adversários políticos. O uso de pseudônimos favorecia o uso abusivo das agressões.

Devido a todo contexto histórico da época que surgia após três séculos de escravidão, um número mínimo de alfabetizados no país, a briga das condições de classes misturadas à condição nacional, de ser ou não nascido no Brasil, além do baixo nível de compreensão e envolvimento da população com as questões públicas, o pasquim se estabeleceu como o intermediário entre a política e a sociedade.

O pasquim foi de extrema importância no processo de independência do país, visto que as denúncias feitas ao governo só chegavam ao conhecimento popular graças a massificação deste veículo. Os cidadãos que antes só tomavam conhecimento das decisões políticas passaram a conhecer duas versões da história, passaram a se preocupar em ter uma opinião (mesmo que limitada à observação de um aspecto físico de uma determinada figura política) e mais importante que isso, passaram a participar da política do país através dos movimentos emancipacionistas.

Nesse sentido gostaria de enfatizar não só a importância dos pasquins no processo de independência, mas a importância do jornalismo no registro e participação nos processos políticos nacionais.

Em tempos de campanha vale lembrar que o mesmo jornalismo brasileiro que contribuiu com os movimentos sociais é o jornalismo que hoje atende as elites brasileiras. Então o mesmo cuidado que temos que ter com os livros de história que Colocam D. Pedro I como o herói da Independência é o que devemos ter com as opiniões taxativas (leia-se verdades absolutas) do jornalismo, além de candidatos que falam em governar o Brasil como salvadores da pátria, além daqueles que identificam no nosso país apenas um problema chave que possui uma única e simples solução desconsiderando os fatores históricos e sociais que nos envolvem.


Obs.: Escrito às pressas, mas acho que vale a reflexão.

Obs.1: Confira o belíssimo texto de Renato Rabelo no Vermelho.

Um comentário:

  1. Verdade, Amanda. Os jornalistas têm papel fundamental na sociedade, desde os primórdios. É uma pena que a maioria parece não ter consciência disso. Mas você, em breve, estará aí, para mudar esse quadro.

    Os pasquins, como você disse, também tiveram um papel importantíssimo para a disseminar a política para quem mais lhe interessa: o povo.

    O nosso presidente é sempre genial.

    Você abordou temas muito importantes. Já te vejo lá no nosso Vermelho, Amanda. hehe

    Beijos.

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