terça-feira, 2 de novembro de 2010

Quincas Berro D'água


O funcionário público Joaquim Soares da Cunha, cansado da vida considerada monótona e previsível, decide transformar-se em um homem boêmio e livre de responsabilidades familiares e sociais. Este enredo é conhecido por muitos desde 1958 quando Jorge Amado lançou o livro a Morte de Quincas Berro d'Água. Este ano, a história ganhou uma nova roupagem com o filme de Sérgio Machado baseado na obra consagrada.

Embora as produções cinematográficas inspiradas em autores respeitados tenham forte tendência ao fracasso, o que se vê em Quincas Berro D’água é um festival de subjetividades bem representadas através de imagens, sons e boas interpretações de atores veteranos como Marieta Severo, Milton Gonçalves, Walderez de Barros e o protagonista Paulo José que teve atuação destacada.

Vale ressaltar, entretanto, que o enredo atemporal facilita sua construção. Os conflitos psicológicos dos personagens, a hipocrisia e a desigualdade sociais, bem como a diversidade da cultura baiana são temas pertinentes tanto a sociedade da década de 50 quanto a do século XXI.

O enredo rico permite também explorar memórias do personagem principal sem que o público se perca. A falta de continuísmo não se apresenta enquanto problema na trama, visto que representam os constantes pensamentos e conflitos contidos no livro. A linguagem regionalizada em conjunto com o cenário traz uma ambientação bem elaborada.

As frases de efeito e os momentos cômicos dão o tom do filme. E é exatamente este riso seguido da reflexão que fazem que a fidelidade da obra escrita seja mantida, afinal a genialidade de Jorge Amado estava exatamente em tornar a realidade tão encantadora quanto dura.


Obs.: Comentando o filme após assisti-lo pela 2ª vez. Vale lembrar que o esboço da minha opinião é bem amador, hehehe.

3 comentários:

Vai passar a vez? Essa é a sua jogada.