segunda-feira, 25 de abril de 2011

Estudantes da UNEB se reúnem em Assembleia e produzem carta aberta







Na tarde de hoje (25/04), estudantes dos cursos de Agronomia, Comunicação Social - Jornalismo em Multimeios, Direito e Pedagogia, do Campus III da Universidade do Estado da Bahia - UNEB se reuniram para debater e posicionar-se em relação ao indicativo de greve estabelecido por outras Universidades Estaduais. O indicativo estabeleceu-se após a instauração do decreto estadual 12583 de 09 de fevereiro de 2011 , que prevê cortes no cursteio de órgãos públicos estaduais, como é o caso da UNEB.

Durante a assembleia, o corpo discente manifestou opiniões e insatisfações com a atual situação de descaso em que a Universidade se encontra. Os estudantes estavam divididos entre os que acreditam na greve como única forma de demonstrar insatisfação, e, os que acreditam que ações grevistas estão sendo banalizadas nos últimos anos na instituição.

Após o debate, representantes do Movimento Estudantil dos quatro cursos do Campus reuniram-se para formulação de um documento que se posiciona de forma favorável à paralisação. Os estudantes são contra o decreto, mas acreditam que ele é só mais uma medida de descaso com as Universidades Estaduais. O corpo discente acredita ainda, que a greve deve existir, não apenas por conta do decreto, mas por uma série de deficiências que a instituição enfrenta para oferecer uma educação de qualidade.

Sendo assim os Centros e Diretórios Acadêmicos construíram uma carta aberta expondo uma pauta de reivindicações à sociedade do Vale do São Francisco e ao corpo docente que se reúne em assembleia, hoje, na UNEB, em Salvador. O encontro contará com a presença de um representante do corpo discente de Juazeiro que pretende debater as pautas conjuntas com o corpo docente da Universidade.

A assembleia seguida pela reunião dos representantes estudantis representou um novo momento de organização do segmento, que agora mais articulado, demonstra confiança para enfrentar o sucateamento do ensino superior no Estado da Bahia.

Abaixo a carta aberta na íntegra:

CARTA ABERTA

Tendo em vista o Decreto Estadual 12.588 de 11 de fevereiro de 2011 que dispõe sobre o corte de gastos públicos no que se refere ao orçamento de órgãos institucionais, o Movimento Estudantil - ME do Campus III da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, localizado na cidade de Juazeiro, vem através deste texto se pronunciar a respeito do já supracitado documento.

Depois de várias discussões sobre o Decreto 12.583/2011 realizadas em assembleias de estudantes e plenárias interdepartamentais, a classe estudantil vem demonstrar sua insatisfação em virtude das medidas administrativas implementadas pelo atual governo, que trazem à tona o sucateamento das Instituições de Ensino Superior - IES do estado da Bahia.

As circunstâncias econômicas, de fato, influenciam nas políticas governamentais ao ponto de condicionar os governos a praticarem medidas de restrições orçamentárias, mas isso não confere ao governo a possibilidade de atingir setores essenciais como a educação. Talvez, a prática de desvalorização da educação seja uma maneira de perpetuação dos poderes hegemônicos, mas também pode-se considerar que as classes afetadas com o corte do erário não tenham um poder de barganha suficiente para abalar a correlação de forças do capitalismo selvagem.

A economia segue o principio onde afirma que os recursos são escassos e as necessidades são ilimitadas, porém, a mesma vertente científica estabelece nas administrações dos recursos o princípio do custo de oportunidade. Diante disso, já que não podemos fomentar todos os setores que envolvem as políticas governamentais, faz-se um critério para estabelecer prioridades de investimento. Na falta de recursos, acreditamos que a educação seja uma vertente prioritária para o desenvolvimento da personalidade humana, conferindo ao ser a possibilidade e a oportunidade de conquistar a sua autonomia.

Para além das questões econômicas, o corte de custos por parte do governo do estado vem agravar a atual situação das universidades do estado impondo normas e restrições que afetam diretamente a autonomia universitária, enfatizamos que desde 2009 as IES têm sofrido penalizações devido à crise no cenário econômico mundial e que perante as atuais determinações do governo do estado ficou inviável o já debilitado funcionamento dos órgãos públicos, em especial as universidades.

Após assembléia realizada no dia 25 de abril de 2011 no Departamento de Ciências Humanas campus III, com a participação de estudantes, professores e funcionários, deliberou-se pelo apoio dos estudantes a greve, tendo como pauta de reivindicação uma proposta unificada que atendesse a toda comunidade universitária.

Além do repúdio ao Decreto Estadual n° 12.588/2011 que embarga o pleno funcionamento das universidades ferindo sua autonomia, os estudantes reivindicam também melhorias para assistência estudantil, infra-estrutura física dos departamentos e valorização e qualificação dos profissionais da educação. Dentre as necessidades mais essenciais apontadas pelos estudantes destacam-se:

· Ampliação do acervo bibliográfico para todos os cursos;

· Reconhecimento do curso de pedagogia do Campus III;

· Parcerias com escolas da região para a prática de assessoria pedagógica;

· Garantia de verba destinada ao movimento estudantil;

· Ampliação de cursos extracurriculares (inglês, espanhol, francês, libras, etc.);

· Ampliação do número de bolsas PAE e bolsas de ensino pesquisa e extensão e regularização de seus vencimentos;

· Revisão das grades curriculares e horários dos cursos;

· Melhoria e término das obras de infraestrutura das residências universitárias;

· Construção de salas de estudo e de auditório no DCH III;

· Construção da creche-escola;

· Melhoria das salas de aulas;

· Construção de centro convivência;

· Ampliação da infraestrutura dos centros e diretórios acadêmicos;

· Deslocamento dos laboratórios (rádio, informática, redação jornalística, etc.) para seus respectivos departamentos/cursos;

· Instalação de um restaurante universitário;

· Melhoria na infraestrutura no que se refere à acessibilidade;

· Reforma e colocação de alambrado nas quadras desportivas;

· Contratação, mediante concurso público, de professores com dedicação exclusiva;

· Criação de cursos de especialização e mestrado;

· Aumento de salários, aprimoramento profissional mediante formação continuada e manutenção das garantias asseguradas por lei para o corpo docente;




Assinam esta carta,

Centro Acadêmico de Comunicação Social - CACoS

Centro Acadêmico dos Discentes de Direito – CADDi

Diretório Acadêmico Livre de Agronomia – DALA

Diretório Acadêmico de Pedagogia - DAPe

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